No âmbito da atividade “Um mês, um autor”, que faz parte do Plano Anual de Atividades da Biblioteca, durante os meses de fevereiro e março, os escolhidos serão ilustres poetas que fazem parte da profícua literatura portuguesa.

Assim, durante referidos meses e em parceria com o Departamento de Línguas vamos celebrar a poesia e os poetas.

O poeta escolhido para a atividade acima mencionada, no mês de fevereiro, é Antero de Quental.

Antero de Quental (1842-1891) foi um poeta e um filósofo. Foi um verdadeiro impulsionador intelectual do Realismo em Portugal. Dedicou-se à reflexão dos grandes problemas filosóficos e sociais de seu tempo, contribuindo para a implantação das ideias renovadoras da geração de 1870.

Antero Tarquínio de Quental nasceu na localidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores, Portugal, no dia 18 de abril de 1842. Filho do combatente Fernando de Quental e Ana Guilhermina da Maia iniciou os seus estudos em Ponta Delgada.

Em 1858, com 16 anos, Antero de Quental ingressou no curso de Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se mais tarde o dirigente dos estudantes, graças à sua marcante personalidade.

Em Coimbra, Antero de Quental organizou a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura. Em 1861 publicou alguns versos que lhe abriram o caminho para as glórias futuras.

Entre 1879 e 1886, Antero mudar-se para a cidade do Porto, onde publicou sua emblemática obra poética “Sonetos Completos”, de nítido sentido autobiográfico.

Antero de Quental, portador de uma depressão, decide pôr fim à sua vida no dia 11 de setembro de 1891, em Ponta Delgada, Portugal.

 

O Palácio da Ventura

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura…
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado…
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d’ouro com fragor…
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão – e nada mais!

Antero de Quental